O que está por trás do espelho?
Depoimento de Marcos Russi (45 anos, empresário) sobre as academias:
Eu não deixei o Luca fazer academia porque eu não queria que ele entrasse neste mundo do anabolizante, desta cultura do corpo pelo corpo, do desenvolvimento muscular. Meu medo era de que ele fatalmente pudesse seguir essa cultura e usar anabolizantes, que a gente sabe que tem. E não é pouco. Eu treinei em academia e sei que isso é comum nesse mundo do treinamento. Ele iria, uma hora ou outra, acabar esbarrando com isso, ou achar que isso é legal, que isso é uma boa solução. Você só vê, o tempo inteiro, aqueles alunos mais fortes e extremamente musculosos, e isso vai o motivando a fazer parte disso. Você começa a se sentir magro, a se sentir pequeno em comparação ao que você vê em volta, e isso vai o influenciando. Eu não queria que ele corresse o risco de desenvolver uma vigorexia. Esse culto ao corpo e o ambiente lá dentro levam a isso.
Eu o proibi de ir para a academia até pelo meu histórico. Eu fiz musculação e tenho consciência dos riscos. Eu me machuquei fazendo musculação e tenho um monte de amigos que têm lesões decorrentes da musculação. Alguns amigos do Luca que foram para a academia, hoje estão “bombados”, com apenas 17 anos você vê o tipo de corpo deles e percebe que eles entraram neste esquema.
Agora, isso é moda, o modelo de corpo que eles querem ter é esse. Na época que eu fazia academia, via meninos de apenas 15 anos já pegando cargas pesadas. Se eles soubessem o estrago que isso, futuramente, causaria em seu corpo, eles iriam pensar duas vezes antes de seguir esses treinamentos pesados.