Você sabe quando, como e para que a escola foi inventada?
O texto abaixo foi extraído do documentário “A educação proibida” (La Educación Prohibida, 2012), disponível no YouTube. Optei por fazer um texto resumido, juntando diferentes partes do que é falado no documentário, de forma a apresentar objetivamente a ideia que quero marcar neste item.
A educação pública, gratuita e obrigatória foi inventada em certo momento da história; antes, não existia esse conceito. A educação, na Antiguidade, se distanciava muito do que hoje entendemos como educação.
Em Atenas, por exemplo, não existiam escolas. As primeiras academias de Platão eram espaços livres, de reflexão, experimentações e conversações. A instrução obrigatória era coisa de escravos.
No entanto, a educação em Esparta era mais parecida com uma instrução militar. O estado se permitia o direito de assassinar e se desfazer daqueles que não alcançassem os níveis esperados. Havia aulas obrigatórias, fortes castigos e uma modelagem de conduta através da dor e do sofrimento.
Após esse período, a educação estava nas mãos da Igreja Católica, pelo menos no mundo cristão ocidental. Foi apenas no século 18, em uma época da história chamada “Despotismo Esclarecido”, que se criou o conceito de escola como conhecemos. Esse modelo nasceu na Prússia, uma nação rigorosamente militar. Para satisfazer a população, os monarcas incluíram alguns princípios do Iluminismo no novo projeto de educação, porém, mantendo o regime controlador e absolutista vigente. A escola prussiana se baseava em uma forte divisão de classes e castas. A sua estrutura, herdeira do modelo militar espartano, fomentava a disciplina, a obediência e um regime autoritário e punitivo. O que buscavam os déspotas esclarecidos? Um povo dócil, doutrinado e obediente e que pudesse se preparar para as guerras que ocorriam frequentemente entre as nações neste período.
Esse modelo de escola foi, aos poucos, exportado para o mundo inteiro. No século 19, a escola apareceu como a resposta ideal à necessidade dos trabalhadores. “Onde eu coloco os filhos dessas pessoas para que elas possam trabalhar? Como os educamos para que aprendam a ler? Como criamos operários inteligentes e obedientes?”
O modelo de produção em linha de montagem era perfeito para a escola. A educação de uma criança era comparável à manufatura de um produto, portanto, requeria uma série de passos predeterminados, em uma ordem específica, separando as crianças por idade em diferentes graus escolares. Esse sistema de linha de montagem que nasceu com o taylorismo foi aplicado na indústria, na escola e no exército de diferentes países e culturas do ocidente.
Até poucas décadas atrás, a escola era idêntica a um quartel. Até mesmo o recreio terminava com um alarme sonoro indicando às crianças que deveriam se adestrar, pouco a pouco, para parar e se dirigir a um determinado lugar, para formar uma fila, geralmente do menor para o maior.
Durante os últimos séculos, temos construído nossas escolas à imagem e semelhança das prisões, das fábricas, priorizando o cumprimento das regras, convenções, o controle e a modelagem social.
A escola é pensada como uma fábrica de cidadãos obedientes e eficazes, em que, pouco a pouco, as pessoas se convertem em números, qualificações e estatísticas. As exigências e pressões do sistema acabam desumanizando a todos. Os prêmios e castigos operam manipulando as necessidades básicas. Quando não recebemos amor ou proteção, fazemos o possível para obtê-los, gerando mecanismos de conduta e comportamentos que nos permitem sobreviver, nos condicionamos.
A criança não estuda para aprender, não trabalha por prazer, faz isso porque, senão, perde a segurança e o amor. Todas as suas ações passam a ser controladas pelo medo.
Recomendo que você assista ao documentário completo, pois o considero essencial para repensarmos a educação dos nossos filhos, as crianças que herdarão esse novo mundo. Pesquise por “A educação proibida” ou clique para ir direto ao vídeo.