CHAVE 14

Que tal viajar no tempo e voltar ao ano de 1862? Como era o treinamento naquela época?

Abaixo, leia um trecho extraído do artigo “Da Beleza e Vigor do Corpo: Breve História da Calistenia”, do TCC de Lígia de Moraes Antunes Corrêa para Unicamp, sob a orientação da professora Dra. Carmem Lucia Soares.

“Nos Estados Unidos, a educação física, de acordo com esse processo histórico, não se fundamentou na necessidade de conter a degenerescência do povo, como na Suécia, e também não adveio do imperativo de defesa nacional, tal como aconteceu na Alemanha e na França. (…)

Surge, então, no fim do século XIX, o movimento ‘Saúde, Educação Física e Recreação’, um projeto que tinha o objetivo de melhorar e adequar a higiene escolar, as instruções sanitárias e o serviço de saúde. De acordo com suas diretrizes, a medicina era considerada a ‘grande chave’ desse movimento, permitindo, assim, a disseminação das ideias de higiene propostas inicialmente.

A relação que se estabeleceu entre saúde e educação física podia ser traduzida na relação entre higiene e treinamento físico, levando a educação física a ser dirigida por médicos e não por profissionais da área, fato que, talvez, explique as grandes contribuições do Dr. Lewis e o trabalho do Dr. William Skarstrom.

O Dr. Dio Lewis, seguindo as ideias colocadas anteriormente, dedicou-se ao ‘melhoramento físico dos americanos’, organizando um plano, denominado ‘A Nova Ginástica’. Este era um plano que tinha como objetivo promover a saúde e o aumento da força, assim como Beecher já havia proposto, além de melhorar a simetria corporal, a flexibilidade e a agilidade de todos os participantes. (…)

O Dr. Lewis queria lançar uma ‘ideia original’, algo novo e diferente, mas, ao analisarmos os métodos ginásticos europeus, veremos que seu plano era constituído basicamente por exercícios similares a aqueles propostos na ginástica alemã. Seu trabalho, ao contrário da proposta de Beecher, era dedicado a todos aqueles que necessitassem praticar atividade física, poderiam participar: homens, mulheres, crianças, gordos, magros, fortes, fracos, enfim, qualquer pessoa. (…) E para que se incluísse mais sociabilidade e prazer à ginástica, ele aconselhava que fosse realizada por homens e mulheres em turmas mistas, e não exclusivamente por mulheres, como indicava Clias e Catherine E. Beecher.

De acordo com as teorias do Dr. Dio Lewis, a ginástica deveria desenvolver flexibilidade, graça, agilidade, melhorar a saúde, em geral, e ser praticada por todos.
Com isso, ele ‘derrubou a crença popular’ de que somente a força era a essência do bem-estar e que a ginástica era uma prática exclusiva dos ginastas olímpicos; ‘combateu a ideia’ de que o jogo era suficiente para desenvolver as formas do corpo; ‘lutou contra’ o treinamento militar, que propunha posições artificiais forçadas e levava à rigidez; e, por último, foi contra os desportos como único conteúdo de educação física, já que estes ‘exercitavam partes do corpo e descuidavam de outras’.”

(Fonte: “Da Beleza e Vigor do Corpo: Breve História da Calistenia”, TCC de Lígia de Moraes Antunes Corrêa.)