CHAVE 6

Por que alguém desejaria amputar a própria perna?

A seguir, apresento o trecho de uma matéria sobre o jogador argentino de futebol Batistuta, que ilustra bem este sofrimento intenso vivido por um número imenso de ex-atletas que sofrem de dores crônicas.

Batistuta: “De tanta dor, queria amputar as pernas depois que aposentei”

“Para quem se lembra do futebol nos anos 1990, certamente Gabriel Batistuta está entre as memórias mais afetivas. Afinal, o argentino não foi apenas um ícone de sua geração na seleção, como também um dos melhores centroavantes do planeta. (…) No entanto, os mais de 300 gols oficiais na carreira foram anotados a custo de muito sacrifício. Ao ponto de o veterano cogitar amputar as suas pernas.

Batistuta deu um depoimento emocionado à televisão argentina. Aos 45 anos, nove temporadas depois de ter pendurado as chuteiras, o ex-jogador falou sobre as dores que ainda o perseguem e que quase o levaram ao extremo, logo após a sua aposentadoria – acelerada por causa da série de lesões que sofreu.

‘Deixei o futebol e, de um dia para o outro, não podia caminhar mais. Eu urinava na cama, mesmo com o banheiro a três metros, porque não queria me levantar. Eram quatro horas da manhã e pensei que ia doer meu tornozelo se ficasse em pé. Fui até o médico e pedi para ele cortar as minhas pernas. Ele me olhou e me perguntou se estava louco’, afirmou Batistuta, em entrevista à rede de televisão TyC Sports.

Batistuta disse que sua decisão foi inspirada em Oscar Pistorius, campeão paraolímpico de atletismo que usa próteses nas duas pernas: ‘Eu insistia, não podia mais, vivia mal-humorado. Não podia controlar a dor, era impossível transmitir isso às pessoas. Eu vi Pistorius e pensei que aquela era a minha solução. O doutor me disse que não ia me amputar. Ele fixou o tornozelo direito com parafusos. Meu problema é que não tenho cartilagem e tendões, meus 86 quilos são suportados pelos ossos. E o impacto entre os ossos ainda gera muita dor’.”

(Fonte: Portal Trivela.uol.com.br, 22 de janeiro de 2012.)

Seria possível colher centenas de depoimentos contundentes sobre o efeito do esporte para o corpo humano. A seguir, apresento apenas mais um. Veja o que disse Danielle Zangrando, ex-judoca, medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2007, durante uma entrevista:

“Eu digo que o esporte de alto rendimento não é muito saudável. O que machuca mais é o esforço repetitivo nos treinos. Eu tenho duas cirurgias, mas tenho alguns amigos que têm doze cirurgias. Então, eu estou no lucro.”

(Fonte: Rádio Eldorado, Programa Encontro de Campeões, 12 de julho de 2016.)