Como espetar oitenta vezes seu corpo com um espeto de churrasco de 30 centímetros e ficar feliz?
A descrição de uma cirurgia de lipoaspiração, como a que se segue, é capaz de causar náusea até mesmo nos menos sensíveis. O texto é mais um trecho que selecionei do livro “Nu e Vestido – Dez antropólogos revelam a cultura do corpo carioca”, organizado por Mirian Goldenberg.
“Para que as veias se contraiam e o sangramento seja menor, o cirurgião injeta meio litro de soro fisiológico misturado com adrenalina nas partes do corpo previamente demarcadas com pincel atômico. São oitenta picadas em menos de dois minutos. O ritmo frenético não para. Através de um corte de 1 centímetro de largura feito pouco acima do cóccix, o médico introduz uma cânula com 30 centímetros de comprimento e quatro milímetros de diâmetro, parecida com um espeto de churrasco feito de teflon. A gordura entra por um buraco na ponta e é sugada pela cânula. A sucção pode ser feita tanto por uma seringa com vácuo encaixada no final da cânula quanto por um tubo plástico ligado a um aparelho aspirador (…). O médico empurra e puxa o espeto sem parar (…). Depois de quinze minutos cavoucando para a direita e para a esquerda, ele descansa (…). É preciso um pouco de força e velocidade para vencer as placas de gordura (…), terminada a cirurgia o médico sai da sala e tira o avental. Sua camisa está encharcada de suor.”
(Fonte: “Nu e Vestido – Dez antropólogos revelam a cultura do corpo carioca”, organizado por Mirian Goldenberg. Editora Record, 2002.)
Tente imaginar alguém cavoucando e perfurando com um espeto de churrasco o seu corpo 80 vezes seguidas, com tamanha violência, e você então entenderá os riscos embutidos nesta prática.