A chave a seguir não é para iniciantes. Abra com cuidado.
Texto escrito por meu amigo Paulo Mazzeu, preparador físico da Confederação Brasileira de Golfe.
Na medicina, exames diagnósticos ajudam a detectar doenças e disfunções e nos permitem observar riscos potenciais em seus estágios iniciais. Da mesma forma, a análise de movimento utiliza vários testes para identificar os desequilíbrios musculoesqueléticos e as alterações nos padrões de movimento potencialmente causadoras de desgastes, lesões ortopédicas e limitadoras da performance esportiva.
Todas as articulações apresentam uma característica predominante de estabilidade ou de mobilidade, a qual deve ser alternada para o bom funcionamento do sistema musculoesquelético. A fim de facilitar o entendimento, seguem alguns exemplos: o tornozelo é articulação com predominância de mobilidade, portanto, necessita de boa amplitude articular para permitir o movimento. Já o joelho, por ser articulação com predominância de estabilidade, exige estabilidade articular para evitar movimentos incongruentes.
Em muitos casos, uma articulação que deveria ter característica predominante de mobilidade não possui amplitude de movimento necessária e, dessa forma, quebra a alternância dos padrões de estabilidade e mobilidade. Assim, se o quadril, o qual deveria ter mobilidade, não possuir a amplitude adequada para realizar o movimento, as articulações próximas a ele, nesse caso joelho e coluna lombar, sofrerão as consequências. Diante disso, é fundamental encontrar a causa do problema, pois o indivíduo pode sentir desconforto ou dor no joelho ou na coluna lombar, mas a origem pode estar no quadril.
A dor é meramente um sinal, e a disfunção em si pode permanecer, mesmo após o desaparecimento desta.
Com a análise de movimento e exercícios corretivos, conseguimos identificar e solucionar as disfunções, em vez de trabalhar paliativamente tentando apenas amenizar a dor.
A detecção precoce de desequilíbrios musculoesqueléticos nos dá a grande vantagem de reduzir as disfunções que podem se acumular com problemas não solucionados. Esses forçam o sistema neuromuscular a compensar diante de dor e disfunção. Tais compensações, frequentemente, escondem o desequilíbrio primário e criam assimetrias secundárias que irão complicar a situação e prolongar as limitações nas atividades.
Alguns dos maiores experts em prevenção de lesões esportivas e exercícios corretivos, dentre eles, os doutores Gray Cook e Lee Burton (Functional Movement), Greg Rose (Titleist Performance Institute), Shirley Sahrmann (Washington University) e Paul Chek (Chek Institute), são unânimes em dizer que, antes de se colocar sobrecarga em um treinamento funcional, musculação, fortalecimentos em aulas de ginástica ou mesmo nos treinos de corrida, ciclismo e natação, os alunos devem passar pela análise de movimento com a finalidade de detectar disfunções.
Deixar de solucionar as limitações e assimetrias nos padrões de movimento, antes de colocar sobrecarga e aplicar volume e intensidade nos exercícios, apenas agravará os desequilíbrios com grande possibilidade de lesões ortopédicas.