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4 dez

Como eu como

Existe uma preocupação muito grande com a escolha dos alimentos que vamos comer, porém, nos esquecemos que tão importante quanto pensar sobre “o que vamos comer”, seria pensar sobre “como vamos comer”. Sem perceber, desenvolvemos com o passar dos anos, uma forma automática e inconsciente de nos alimentar. Acompanhando o ritmo alucinante da nossa mente e do mercado de trabalho, a atenção necessária a este momento tão nobre e sagrado, vai sendo engolida por smartphones, reuniões estressantes, compulsão e pressa. Este hábito de estar ausente na hora de comer é algo que vai se sofisticando e se fortalecendo aos poucos. Atualmente, o ser humano não come, ele engole os alimentos. Certos alimentos processados, ou já, praticamente pré-mastigados, como o caso do hambúrguer, por exemplo, facilitaram este trabalho para nós. Tente comer dois bifes de 300 gr, mastigando bem devagar, provavelmente você irá parar no primeiro bife. No caso do hambúrguer a gula se torna mais factível.
Outra questão importante em relação a maneira como comemos são as nossas emoções. Nosso estado emocional é determinante na digestão e absorção dos alimentos. O mesmo alimento pode causar um efeito diverso em nosso organismo, isso irá depender dos sentimentos que estamos vivenciando naquele momento. De nada adianta cortar e restringir aquilo que você come, se esta forma de comer for angustiada, compulsiva ou transtornada. A alimentação pode se transformar em um momento de meditação, de atenção plena e presença, e não mais uma forma de auto intoxicação e inconsciência.
Pois bem, vou lhe dar uma dica simples e extremamente eficaz. Mas antes, deixe eu lhe contar uma história:
Certa vez, ao terminar uma palestra, meu pai vou abordado por um senhor obeso, que pesava, na época, 140 kg. Como o tempo era curto, este senhor lhe fez uma pergunta rápida:
– Nuno, o que eu faço para emagrecer?
Ele respondeu, resumidamente e de uma forma genérica.
– Bom, comece a caminhar, regularmente, e aos poucos, comece a comer devagar, mastigando com cuidado, e também procure escolher melhor aquilo que você coloca para dentro do seu corpo.
O tempo se passou e três anos depois o meu pai é abordado no aeroporto por um senhor atlético e esbelto.
– Oi Nuno, você não vai me reconhecer, mas eu sou aquela pessoa que lhe pediu um conselho sobre emagrecimento há alguns anos atrás. Pois é, eu segui à risca o que você disse, comecei a caminhar 5 vezes por semana e comecei a comer mais devagar. Foi um treino constante, mas hoje eu faço uma refeição, em média, em 40 minutos. Faço como está em seu livro, espero os sólidos virarem líquidos. O resultado é que agora eu peso 72 kg, sem passar fome, fazer qualquer dieta, tomar remédios ou fazer cirurgia.
Meu pai já recebeu centenas de depoimentos de pessoas que transformaram seus hábitos e mudaram a sua vida, através do seu livro “A semente da vitória”. O recorde de perda de peso é um empresário de Uberlândia que reduziu em 90 kg o seu peso corporal, e se mantém assim a mais de 10 anos. Segundo ele, as mudanças mais relevantes foram comer devagar e caminhar.
Recentemente, um aluno meu chamado, Léo Carvalho, também viveu este mesmo processo de mudança de hábitos durante um ano. O resultado é que ele reduziu seu peso em mais de 40 kg nesse período. Tudo isso sem fazer dieta, apenas caminhando, fazendo exercícios de fortalecimento muscular naturais e moderados, alterando seus hábitos de sono e alimentação, fazendo meditando, entre outros desafios suaves, gradativos e prazerosos. Veja aqui o depoimento dele: https://youtu.be/Ahwz0xcRTl4
Complementando, ele me disse recentemente: “É impossível comer devagar e, mesmo assim, comer em excesso. A porção em meu prato foi diminuindo, gradativamente, até ficar bem pequena. Dessa forma, meu estômago também diminuiu e meu peso foi chegando ao seu equilíbrio, aos poucos, de forma natural, sem passar fome em todo o processo. O meu paladar foi mudando e também as minhas escolhas. Eu não me privo de nada, eu apenas mudei o meu foco, escolho os alimentos que vão me nutrir e me fazer bem. Sendo assim, automaticamente faço boas escolhas a maior parte do tempo e me dou o direito de escapadas ocasionais, sem culpa e sem drama.”
Então, eu lhe pergunto: você prefere passar a vida toda fazendo dieta ou mudar seus hábitos e emagrecer de forma definitiva? O que lhe parece mais sensato? Mudar de hábitos parece mais difícil. Aparentemente, dá a impressão de exigir mais esforço, mas, uma vez conquistado este objetivo, ele se manterá, automaticamente, sem esforço nenhum, uma vez que isso se transformará em um novo hábito. Um ano mudando seus hábitos ou a vida inteira fazendo dieta, refém do efeito sanfona? A primeira opção parece interessante, não é? Até aparecer a próxima propaganda lhe prometendo uma perda de peso brutal em apenas um mês. De qualquer forma, aqui vai a dica, um resumo do “núcleo duro” do emagrecimento definitivo:
1- Dormir com qualidade e se exercitar com qualidade. Manter-se razoavelmente ativo através de atividades acessíveis, moderadas, prazerosas e de baixo impacto
2- Gradativamente, exercitar a capacidade de comer mais devagar, de 20 a 25 minutos já é muito bom, é o tempo necessário para a leptina enviar os sinais de saciedade ao cérebro e mastigar os alimentos com esmero, melhorando a absorção e digestão
3- Mudar a foco da alimentação para alimentos que o nutram, que lhe façam bem. Ser mais criterioso com aquilo que você coloca dentro do seu corpo.
Existem diversas ferramentas comportamentais para emagrecer, mas só estas aqui, juntas, já funcionam as mil maravilhas. O grande problema é que as pessoas querem atingir todos os seus objetivos, mas não estão dispostas a galgar os pequenos degraus necessários a esta conquista. E eu lhe garanto, com paciência, degrau por degrau, uma hora você chega lá.
De uma forma geral, as pessoas não têm mais paciência de viver o processo das coisas, o ciclo natural da vida. E este movimento acompanha o ciclo da natureza, o inverno, a primavera, o verão e o outono da alma. E quando não vivemos este processo de forma integral, não avançamos em nossos objetivos. A vida é um processo de maturação, gradual e sempre em transformação. Os jovens não sabem lidar com as dificuldades e frustrações que fazem parte deste processo. Idealizam chegar rapidamente, aos saltos, no auge do sucesso e da fama, afinal, este é o modelo que é vendido pela mídia. A gratificação e o sucesso instantâneo. O que acontece quando você compra soluções instantâneas? Você não constrói pontes solidas, pula etapas e não evolui. As chances de ficar pelo caminho são muito grandes.
Encare os seus problemas de frente, para de procurar paliativos e atalhos!