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5 jul

Manifesto em defesa do corpo

Como o seu corpo foi sequestrado e escravizado pelo universo do consumo?

“É comum a ideia de que a preocupação com a aparência e a juventude, que chega a ser uma obsessão nos dias de hoje, esteja cada vez mais disseminada em todas as classes, profissões e faixas etárias. A mídia adquiriu um imenso poder de influência sobre os indivíduos, generalizou a paixão pela moda, expandiu o consumo de produtos de beleza e tornou a aparência uma dimensão essencial da identidade para um maior número de mulheres e homens.

Quanto mais se impõe o ideal de autonomia individual, mais aumenta a exigência de conformidade aos modelos estabelecidos. Se é bem verdade que o corpo se emancipou de muitas de suas antigas prisões sexuais, procriadoras ou indumentárias, atualmente encontra-se submetido a coerções estéticas mais imperativas e geradoras de ansiedade do que antigamente. A obsessão com a magreza, a multiplicação dos regimes e das atividades de modelagem do corpo, a disseminação da lipoaspiração, dos implantes de próteses de silicone nos seios, do Botox, entre muitos outros.

Hoje, testemunhamos o poder controlador e normalizador dos modelos de beleza, um desejo maior de conformidade estética que se choca com a individualidade e a exigência de singularização de cada pessoa. O corpo virou “o mais belo objeto de consumo” e a publicidade, que antes só chamava a atenção para um produto exaltando suas vantagens, hoje em dia serve, principalmente, para produzir o consumo como estilo de vida, procriando um produto próprio: o consumidor, perpetuamente intranquilo e insatisfeito com a sua aparência.

Com isso, saem ganhando, entre outros, os mercados das dietas, das cirurgias estéticas, dos suplementos e da “malhação”. O corpo “virtual” apresentado pela mídia é um corpo de mentira, medido, calculado e artificialmente preparado antes de ser traduzido em imagens e de se tornar uma poderosa mensagem de “corpolatria”. As imagens e normas se destinam a todos aqueles que as veem e, por meio de um diálogo incessante entre o que veem e o que são, os indivíduos insatisfeitos com sua aparência são cordialmente convidados a considerar seu corpo defeituoso.

Mesmo gozando de perfeita saúde, seu corpo não é perfeito e “deve ser corrigido” por numerosos rituais de autotransformação, sempre seguindo os conselhos das normas veiculadas pela mídia.” (Texto compilado de diferentes capítulos do livro “Nu e Vestido” – Dez antropólogos revelam a cultura do corpo carioca”, organizado pela antropóloga Mirian Goldenberg)

Você já pensou que, de certa forma, o seu corpo não lhe pertence? Ele pertence aos especialistas que o reformam ou lhe dizem o que fazer com ele. Você aceita exercícios padronizados, de forma obediente, sem questionar se lhe caem bem, se lhe servem, no seu caso específico. Exercícios estes, que você faz por obrigação, sem nenhuma consciência do que está fazendo. E, na maioria das vezes, mesmo sem gostar ou sentir qualquer prazer em realizá-los.

O seu corpo pertence à cultura em que você está inserido, que dispõe dele ao sabor dos modismos e apelos midiáticos. O seu corpo pede relaxamento, pede alongamento, pede aprofundamento, mas quem diz que você é capaz de perceber isso? Quando vai ficando mais velho, esse descaso vai cobrando o seu preço. E você só percebe à medida que começa a envelhecer. E acha normal. A partir deste ponto, o seu corpo vai estar cada vez mais desgastado, maltratado e doente.

O seu corpo é resultado de uma pressão cultural dominante, voltada para valores racionais e materiais que o submete e escraviza. Sendo assim, habitar o próprio corpo é o primeiro passo para a liberdade. Esse manifesto busca defender a saúde, a consciência e a sabedoria corporal.

Existem duas principais vertentes do treinamento, de um lado, os maiores fisiologistas, cardiologistas, estudiosos e acadêmicos, apoiados pela ciência do esporte, que defendem um treinamento com moderação. Do outro, a indústria do fitness, apoiada por alguns especialistas, que defendem um treinamento de alta intensidade, focado em resultados estéticos no curto prazo. No entanto, não podemos nos esquecer que o corpo é um organismo vivo, não, um bem de consumo. Ele não segue a lógica do mercado de mais resultado no menor tempo possível. Na realidade, o que ocorre é o contrário, quanto mais consciência corporal e quanto mais tivermos uma perspectiva de médio e longo prazo, mais eficiente será o resultado final.

O treinamento radical, de alto impacto, é irmão da dieta radical. Os resultados no curto prazo podem ser satisfatórios, no entanto são desastrosos no médio e longo prazo, na imensa maioria dos casos. As estatísticas confirmam este fato: 95% das pessoas que se submetem a uma dieta restritiva, retornam ao peso inicial um ano depois. Em relação a atividade física, 50% dos alunos desistem da academia de ginastica apenas 3 meses após iniciarem o treinamento.

A insatisfação é uma das bases do consumo. O sarrafo não para de subir. O modelo de beleza vendido é um corpo cada vez mais inatingível, cada vez mais fora da realidade. Treinar se transformou em algo nocivo a saúde corporal, quanto mais radical for uma atividade, melhor. Neste contexto, um exercício passa a valer apenas pelo resultado estético que ele pode proporcionar, independente do mal que ele pode causar ao seu corpo a médio e longo prazo.

A estratégia do consumo é acenar e seduzir com o inatingível. Como, provavelmente, você nunca irá atingir esses ideais de perfeição, você continuará consumindo seus produtos, eternamente. Existe um grande equívoco na forma como a indústria do corpo propaga seus métodos e fórmulas, como veremos logo a seguir. Nós precisamos falar sobre sabedoria corporal, com urgência. Uma grande revolução na forma de entender o corpo e o treinamento pede passagem!

Devido ao fenômeno das academias, grande parte do treinamento físico feito no mundo é o que podemos chamar de um treinamento estético, ou “treinamento cosmético”.O “fast-training” se assemelha ao conceito de fast-food, só que aplicado ao treinamento. Traduzindo: tipo de treinamento que foi empacotado e formatado dentro de uma lógica comercial e vendável de curto prazo

Pouco se fala sobre o impacto que o treinamento de alta intensidade representa ao nosso organismo. O fast-training implica em efeitos colaterais, tais como aumento dos radicais livres, envelhecimento precoce, riscos cardíacos, lesões ortopédicas, aumento de hormônios ligados ao estresse, como o cortisol, e um efeito depressor sobre o sistema imunológico, entre outras contraindicações, já bem relatadas e comprovadas em diversos estudos.

De forma geral, esse tipo de atividade pode diminuir a vida útil das nossas articulações e cartilagens. Uma cartilagem que poderia durar 80 anos ou mais, pode ser consumida em apenas cinco ou dez anos em provas de corrida contra o relógio, levando a uma artrose definitiva. Uma leve perda em um disco intervertebral em nossa coluna pode representar uma incapacidade de se exercitar para o resto da vida.

O que seria, então, uma atividade física, que podemos chamar de natural e instintiva? é aquela em que nem percebemos que estamos treinando. Isso ocorre com atividades lúdicas e desafiadoras, algo que requer um aprendizado e um desafio motor, como a dança, o slackline, a capoeira, o surf ou o tênis. Ou seja, nessas atividades, você brinca e se diverte, podendo, assim, aprimorar e desenvolver a sua técnica e, consequentemente, as suas habilidades corporais e mentais.

Assim como os animais, quando vivemos uma experiência agradável e prazerosa, queremos repetir essa experiência. Porém, quando vivemos uma experiência desagradável e dolorosa, fazemos de tudo, mesmo que de forma inconsciente, para evitá-la.

O melhor exercício não é aquele que queima mais calorias, mas aquele que você gosta de fazer. Esse sim, vai dar resultado. O salto mais essencial é desenvolver uma relação de prazer com a atividade corporal. Como isso seria possível com o enorme desconforto e sofrimento físico vivido no modelo atual?

Para ser efetiva a atividade física, deve ser incorporada a uma rotina, esse é o grande segredo. Caso essa atividade seja prazerosa, lúdica e equilibrada, o desafio será muito mais acessível e convidativo para uma grande parcela da população. O treinamento voltado para os resultados estéticos faz sentido para um perfil muito específico: os apaixonados pelo fisiculturismo e pelo bodybuilding (o culto ao fortalecimento muscular). Este modelo de treinamento tornou-se uma unanimidade e foi abraçado pelo mercado devido a seu apelo comercial, mas nem sempre foi assim.

Esse grupo era uma ínfima parcela da população em um passado recente. Como essa minoria encontrou, no ambiente da academia, um meio cultural fértil de desenvolvimento, proliferou-se de uma forma assustadora, criando assim, os modelos atuais de beleza. Para essa minoria, o treinamento transforma-se em uma forma de sacerdócio, envolvendo métricas rígidas de dieta, combinada a rotinas de exercícios extremas e suplementações excessivas.

Quando treinar torna-se um processo compulsivo e obsessivo, cria-se um paradoxo: quanto mais o indivíduo busca se adequar aos modelos de beleza vigentes, mais inadequado ele se sente. A grande população, que não tem “nada a ver com isso”, é impelida e condicionada, através do marketing agressivo desta indústria do Bodybuilding, a seguir esse modelo de beleza artificial.

Na década de 1990, o cinema de Hollywood assumiu um papel determinante na fixação desse modelo no inconsciente coletivo, por meio da glamourização de heróis com corpos extremamente “bombados”, em blockbusters protagonizados por grandes astros, como Arnold Schwarzenegger e Sylvester Stallone. Esse “modelo” de corpo virou um bem de consumo a ser conquistado. Há, também, um marketing poderoso inserido de maneira subliminar nos realities shows, nas propagandas, nas novelas, nas revistas e nos programas de maior audiência da TV.

Hoje, vemos nas academias, rotineiramente, milhões de jovens entre 14 e 35 anos, levantando cargas pesadas, seguindo fórmulas radicais de treinamento, tomando anabolizantes e destruindo de forma precoce a própria coluna e articulações. Tudo isso para estar em conformidade com esse padrão de beleza vendido pela indústria do fitness.

A glamourização de corpos “bombados” na TV é um estímulo ao uso de anabolizantes e a vigorexia, um transtorno psíquico que atinge milhões de alunos nas academias em todo o mundo. Só no EUA, três milhões de pessoas consomem anabolizantes com finalidades estéticas. Caso este número seja multiplicado pela quantidade de usuários nos vinte países mais desenvolvidos, chegaremos a números assustadores.

Assim como ocorre na anorexia, na qual o indivíduo nunca se reconhece magro o suficiente, no caso da vigorexia, ele nunca se reconhece forte e musculoso o suficiente. E dá-lhe “bomba”. Esse perfil de aluno torna-se dependente de doses regulares de anabolizantes, caso contrário, o corpo murcha e, dessa forma, ficará flácido e com excesso de gordura. Além de sobrecarregar os rins, coração e outros órgãos, o vigoréxico sofre vários problemas ósseos e articulares, encurtamento dos músculos e tendões, riscos de infarto, derrame, impotência, diminuição dos testículos e uma grande propensão a diversos tipos de câncer.

Agora eu pergunto, isso é saúde? Como combater esse marketing poderoso, como resgatar uma atividade física ligada ao prazer, ao equilíbrio e a saúde corporal? Quase tudo o que o grande público conhece como treinamento físico é uma forma muito específica de se conceber a saúde corporal. Essa visão é contaminada pela herança militar do treinamento e pelo lobby do Bodybuilding.

Os conceitos criados pelos Bodybuildings ou “marombeiros”, como são popularmente conhecidos, dominam o ambiente de treinamento. Eles já estavam lá quando a indústria do Fitness começou a florescer na década de 80. Para os marombeiros, faz sentido sofrer e sentir dor no treinamento se isso se traduzir em mais músculos no menor tempo possível. Aqui, se encontra a grande confusão, uma vez que esse modelo passou a ser indicado para todo o resto da população.

O fast-training, a exemplo da fast-food, é igualmente nocivo à sua saúde e integridade corporal. Estrategicamente, o corpo foi transformado em um bem de consumo, uma “roupa” que usamos como forma de aumentar o poder de sedução e o status social. “

O fast-training não é indicado para mais de 90% da população, somando os sedentários, obesos, idosos, alunos com sobrepeso, alunos sem regularidade e alunos sem adaptação a esse modelo radical.

É uma filosofia que causa lesões e que enchem os consultórios hoje em dia. A consequência mais comum ao adotar esta estratégia do “no pain, no gain” é uma lesão ou a desistência da atividade física;”

(Dr, Diego Leite de Barros, Fisiologista do Hospital do coração.)

Nos últimos anos, conversando com alguns dos maiores especialistas do conhecimento corporal (doutores em educação física, fisiologistas, cardiologistas, ortopedistas, fisioterapeutas, nutricionistas entre outros), pude constatar que eles também, obviamente, defendem um treinamento com moderação e um foco maior na prevenção e na saúde. A partir daí a minha dúvida só aumentou. Se os especialistas defendem isso, por que é tão raro encontrar treinadores que adotem, efetivamente, esse modelo em seu dia a dia?

Quando pensamos em um treinamento que seja saudável, é impossível sustentar, de uma forma científica consistente, o modelo do “treinamento com sofrimento” (o “sem dor, sem ganho”). Isso só é possível quando descartamos alguns aspectos relevantes, como a saúde do nosso aparelho locomotor ou do nosso sistema imunológico e orgânico, como um todo. Através de uma visão mais profunda e integral do corpo, esse modelo passa a não fazer mais sentido. A falta de uma visão integrada, seria, então, um dos motivos da alta adesão ao modelo vigente.

Um corpo transformado, por meio de musculação pesada e anabolizantes, perde a sua naturalidade, funcionalidade, ginga, flexibilidade e movimento. Tais corpos buscam estar em conformidade com um modelo de beleza criado pela indústria de consumo. Esses modelos alimentam diversos segmentos, como a indústria do emagrecimento, das clínicas de estética, dos suplementos, das técnicas cirúrgicas milagrosas, a indústria farmacêutica e a própria indústria do fitness, que, juntas, representam um grave problema de saúde pública, atualmente.

A lista completa do impacto causado pela “indústria do corpo” é enorme, podemos citar: as doenças ligadas ao uso de anabolizantes, a anorexia, a vigorexia, transtornos alimentares, arritmias cardíacas e outros danos irreversíveis ao coração, depressão, crises de pânico e ansiedade, mortes e acidentes cirúrgicos ligados às intervenções estéticas, perdas graves no aparelho locomotor, lesões na coluna, doenças renais, desnutrição, doenças autoimunes, entre outros.

“A queda da resistência imunológica causada pelo treinamento excessivo pode aumentar a suscetibilidade a diversos tipos de doenças – de pequenas gripes a problemas mais graves nos sistemas digestivos, nervoso e cardiovascular”

(Abílio Diniz)

Transformar a atividade física em uma pílula ruim, que deve ser tomada para termos saúde, beleza e magreza, alimenta e sustenta o sedentarismo. Como a indústria do fitness transformou a atividade física em uma pílula intragável para a grande maioria da população por meio do treinamento com sofrimento, automaticamente ela se transformou em uma aliada do sedentarismo e da obesidade, por mais paradoxal que isso possa parecer.

Obviamente, não podemos generalizar, existem milhões de pessoas que se beneficiam através da indústria do fitness, mas, mesmo essas, podem se favorecer ao expandir a sua consciência em relação ao que fazem. É bom ressaltar que não existem vilões, somos todos vítimas e, ao mesmo tempo, mantenedores da cultura do corpo ideal. Não é fácil mudar uma cultura militar de treinamento, ligada a dor e ao sofrimento, que se mantém hegemônica há 5 mil anos. Só com a união de todos, academias, professores, mercado, mídias, e através de campanhas consistentes, podemos mudar essa cenário..

O corpo do qual falamos é de outra ordem: um corpo sagrado, natural, equilibrado e profundo. Um corpo intimamente ligado à mente, às emoções e ao espírito, e que se transforma no principal agente de liberdade e sabedoria.

O corpo é a forma mais simples e genial de se acalmar a mente, o “eu”, responsável por nossos desequilíbrios e angústias. O Santo Graal da felicidade e do equilíbrio está onde você menos esperava: em seu próprio corpo.

“Proponho que sejamos “atores” e “autores” de nossa identidade corporal. Proponho que cada pessoa possa acreditar na sua força criativa e possa inventar a própria vida através da invenção do próprio corpo!”

 (Lú brites, professora de Yoga, pesquisadora e educadora do movimento.)

Esse manifesto não busca condenar a indústria do Bodybuilding, mas sim, analisá-la e colocá-la em seu devido lugar: como um nicho de interesse de uma pequena minoria. Esse modelo não é inclusivo e sustentável para a imensa maioria da população. Realmente, é incrível constatar o quanto a história se repete. Estudando os conceitos defendidos em 1862 pelo Dr. Diocletian Lewis, um médico e fisiologista norte-americano, vemos que está dicotomia entre o modelo de corpo militar e o conceito de corpo criativo e maleável, já estava presente há muito tempo no universo do treinamento. Acho que o mais sensato seria buscar que esses dois opostos possam conviver em mútua tolerância e aceitação, afinal, é apenas uma questão de identidade.

Existe gosto para tudo, porém, para os estudiosos do treinamento, já em 1862, era claro que este modelo de corpo rígido e militar não seria um modelo de corpo ligado à saúde e à funcionalidade, que atenda a maior parte da população.

“O principal conceito da “nova ginástica” é torná-la acessível a todos aqueles que necessitam praticar atividade física, incluindo homens, mulheres, crianças, gordos, magros, fortes, fracos, enfim, qualquer pessoa. A ginástica deve desenvolver flexibilidade, graça, agilidade e, principalmente, melhorar a saúde.”

(Diocletian Lewis, fisiologista, 1862)

Qual percentual da população tem um corpo ultra musculoso e “perfeito”, igual ao da capa da revista de Fitness? Analisando com mais profundidade, vemos que esse percentual equivale a menos de 1% da população. Você acha justo que essa minoria submeta os outros 99%?

Chegou a hora de dar voz aos bilhões de excluídos em todo o mundo. Não podemos mais apoiar uma cultura de treinamento nociva à nossa saúde e integridade corporal. Consciência é liberdade! Venha fazer parte desse movimento que está mudando a forma de entender o corpo e o treinamento.

 

“Abrace o seu tempo.

Abrace o seu corpo.

Abrace a sua alma.

Abrace quem você é como uma expressão do divino.

Tenha gratidão e devoção por seu corpo!”

 Lú Brites

*Esse texto é uma compilação de trechos do livro ” O músculo da alma”, um tratado mais abrangente sobre sabedoria corporal e saúde integral.

Saiba mais:https://nunocobrajr.com.br/livro/