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25 jun

O sucesso de verdade não está à venda


Essa breve reflexão também poderia se chamar: “Para tecer o sucesso tenha a sua própria agulha.”

Quando o Neymar foi ao chão (e dessa vez não foi simulação), chorando ao final da partida contra a Costa Rica, muita gente não entendeu, de fato, o que estaria por trás desse dilúvio emocional. Quem vive o dia a dia de um atleta de sucesso sabe o “piano” que eles carregam nas costas. A Argentina e o Messi haviam passado por um linchamento público no dia anterior. Os Argentinos são nossos antagonistas e, por isso mesmo, nossa maior referência, o que provoca um processo de forte identificação. Obviamente, o pavor de repetir o que aconteceu com a Argentina era brutal, por isso a catarse ao final.

Hoje, vivemos em um outro mundo, de nada serve comparar estes jogadores com os jogadores de outras copas. O medo do fracasso, atualmente, é uma síndrome mundial que atingiu níveis estratosféricos. Um aluno me disse outro dia que se ele não realizasse o seu sonho de ser campeão, a sua vida seria medíocre e não teria valido a pena. Esse mito aterroriza essa geração de uma forma intensa. Para alguém como o Neymar, que se torna um “Deus” da internet, um avatar que mobiliza milhões de seguidores e bilhões de dólares, fracassar é se expor a uma vergonha esmagadora, insustentável e sem precedentes. Ter o número “obsceno” de 96 milhões de “palpiteiros’…. ops, digo seguidores, dando conselho e fazendo julgamentos  sobre sua vida, deve ser um pouco pesado, você não acha?

Antigamente, quando um jogador passava vergonha, esse vexame era restrito aos jornais, TVs e outros veículos de informação, de forma controlada. Hoje, os olhos do mundo se espalham por todo lado, atingindo bilhões de olhares julgadores e punitivos. Quando os jovens se espelham nesses ícones de sucesso, muito provavelmente, não se dão conta da angústia que é ter que sustentar diariamente esta posição.

Essa geração sofre de falta de controle emocional e uma dificuldade em lidar com a frustração? Com certeza! O mito do sucesso está por trás de tudo aquilo que consumimos atualmente. Há muitas décadas, a mídia nos doutrina, diariamente, que ter sucesso é sinônimo de poder e felicidade. A referência são os famosos, os superempresários e os superatletas. Na realidade, esse mundo de mentira, criado pela mídia e pela internet, cria um “sarrafo” imaginário, paralisante e aterrador. Esse ideal de sucesso e felicidade fabricado artificialmente torna-se, dessa forma, a principal referência dessa geração. Como atingir esse ideal de felicidade, esse nirvana da satisfação pessoal? Você nunca vai atingi-lo, essa é a brincadeira! O funil é estreito, o campeão e o bilionário é forjado a custa de bilhões de pessoas que ficam pelo caminho.

Enquanto não chega “lá”, você tenta preencher esse buraco com um carro importado, roupas de grife e, se possível, milhões de seguidores no Instagram. Essa é a finalidade dessa estratégia de consumo: fazer você consumir um monte de coisas das quais não precisa. Quando você vincula a sua felicidade a ter sucesso ou a ter dinheiro, você acaba de cair nessa armadilha. A partir daí, você está condenado à “insatisfação crônica”, esse sentimento irá se tornar o seu companheiro inseparável. “I can’t get no satisfaction” já dizia o Mick Jagger.

O slogan dessa geração é: Seja Foda! Siga os exemplos de sucesso e os homens “bem-sucedidos” (se eles soubessem o que é ser bem-sucedido, de verdade….). Ao que eu respondo: não imite nenhum modelo de sucesso, não se perca de si mesmo! O seu valor não é medido por aquilo que você possui ou pela posição social que você ocupa. Esse ideal fantasioso e inalcançável é uma arapuca, funciona com uma cenoura na frente do coelho, por mais que você tenha conquistado, nunca será o suficiente

Do jeito que o mundo caminha, em breve, as pessoas vão ter que escolher entre “postar a sua vida” ou vivê-la de fato; entre o personagem que você criou para si mesmo e quem você é de verdade. O sucesso não está à venda nas prateleiras do consumo. O sucesso genuíno é customizado, você tem que costurá-lo à mão, na sua medida. Não existe uma fórmula pronta, a agulha que tece este bordado é fabricada a partir da matéria prima da sua própria alma

E se você pudesse avaliar o seu sucesso a partir das coisas que você teve que sacrificar para atingi-lo? Ainda assim ele faria sentido? Uma vez por ano, quando fazemos aniversário, as pessoas que nos amam nos lembram daquilo que realmente importa: Saúde, amor e paz de espirito. Não por acaso, aqui, se encontra o âmago do sucesso genuíno….. o resto, a gente dá um jeito!