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29 nov

Fome emocional

Como a fome é um dos processos mais primitivos do homem, herdamos dos nossos ancestrais esta forte associação entre fome e tensão muscular. Muitas vezes, o nosso corpo não reconhece a fonte causadora de tensão e ansiedade que pode ser: excesso de pressão no trabalho, carência afetiva e outras necessidades emocionais. Este quadro pode levar a um processo de compulsão alimentar, onde o indivíduo busca entorpecer os sentidos através do excesso, o que deixa  a digestão sobrecarregada , causa sonolência e traz uma sensação de relaxamento muscular momentâneo.  Como estamos usando uma solução equivocada para sanar esta questão, a tensão retornará insistentemente fazendo com que este mecanismo se repita sem que tenhamos controle ou consciência.

Atividades físicas como corrida, bicicleta, natação ou musculação, são outros modos de combater esta tensão, porém, também podem levar a uma compulsão. O vício em comida ou vício em corrida são dois extremos perigosos. O segundo caso pode ser bastante nocivo, já que esta pessoa é vista de forma positiva socialmente e tende a não ter consciência desta compulsão. Por ser vista como uma pessoa saudável tende a não procurar ajuda e ignorar o desgaste excessivo que está causando ao seu corpo. É muito comum vermos nas ruas da cidade ou em estradas, pessoas que devido a uma dor emocional muito forte tornam-se andarilhos. Este seria um quadro extremo, onde tensão física e emocional é tão grande que apenas andar o dia inteiro pode trazer algum tipo de alívio.

Estudando compulsão alimentar ou física vemos que existem alterações no circuito de recompensa do cérebro, onde os níveis dos mensageiros químicos dopamina estão muito baixos.  Isto leva o hipotálamo a disparar o processo de produção do cortisol, o hormônio do estresse que leva a uma grande tensão corporal. É aí que mora o perigo, como comer ou correr produz hormônios que estimulam regiões deste circuito de recompensa e combatem esta tensão, se não houver equilíbrio e consciência, cria-se um quadro de compulsão.

Ansiolítico ao fim do dia

Aprendemos muito enquanto estamos ensinando. Tive uma experiência interessante com um aluno que me procurou na metade do ano passado. Já havíamos iniciado nossa parceria anteriormente e interrompido por falta de resultados efetivos com relação à perda de peso,  seu objetivo maior e justificativa da razão pela qual procurou o nosso Método.  Desta vez, ele veio com uma ideia muito clara de suas necessidades e das soluções para seu problema.  Como ele trabalha com negociação e vive uma grande pressão e tensão diária, chega do trabalho em um estado emocional  tal, que não consegue, simplesmente, desligar ou reverter este quadro. Como consequência disto, ele vive à noite uma grande compulsão alimentar. Depois de comer em excesso, vem o  mal-estar devido a digestão pesada e a culpa por ter perdido o controle.  Neste reencontro, ele apresentou uma solução que fez muito sentido, mostrando uma enorme consciência em relação ao seu problema. Ele disse acreditar que caso conseguisse nadar ou caminhar após o expediente isto traria um relaxamento e equilíbrio e evitaria o exagero nas refeições noturnas.  Tendo em vista que todas as outras refeições eram equilibradas, ficava claro que o excesso vinha desta ansiedade e tensão decorrentes do trabalho.  Aqui fica esta dica a quem sofre do mesmo mal: uma atividade física equilibrada ao fim do dia pode ter um efeito benéfico e evitar padrões compulsivos.